Muitos já devem ter ouvido falar sobre a Síndrome do Intestino Irritável (SII). É isso mesmo, com este estilo de vida cada vez mais agitado e acelerado, até mesmo o nosso intestino “pode ficar irritado”. Trata-se de um distúrbio do funcionamento do aparelho digestivo, sem existir qualquer alteração na estrutura do intestino para explicar a natureza dos sintomas apresentados pelo paciente. Ou seja, existem sintomas sim, mas não existem lesões no intestino.
A SII é uma doença que acomete um número significativo de pacientes, até 20% da população mundial, com predomínio entre as mulheres e na faixa etária entre 20-55 anos. É uma doença crônica, ou seja, de longa duração, e habitualmente recorrente (vai e volta frequente).
Essa síndrome se caracteriza por: DOR OU DESCONFORTO ABDOMINAL e ALTERAÇÃO DO HÁBITO INTESTINAL (diarreia, intestino preso, ou até mesmo alternância entre estes dois), podendo ocorrer também: DISTENSÃO DO ABDOME (inchaço), EXCESSO DE GASES, URGÊNCIA PARA EVACUAR logo após a alimentação, ELIMINAÇÃO DE MUCO NAS FEZES (um catarrinho transparente), e o habitual ALÍVIO APÓS A EVACUAÇÃO. Sabe aquela sensação de dor (frio) na barriga em situações de estresse (pré prova, concurso, antes de falar em público, antes de uma viagem, etc), pois é, é como se fosse isso só que 24 horas por dia e 7 dias na semana! Dureza né? A intensidade destes sintomas varia muito, mas estes podem ser tão intensos e frequentes que podem atrapalhar a vida social e profissional de alguns pacientes (com perda da qualidade de vida).
A SII está intimamente ligada a fatores emocionais. É isso aí, o intestino é mais uma vítima do estresse, ansiedade, depressão. A intensidade e a frequência dos sintomas costumam acompanhar claramente o momento emocional vivido pelo paciente. Quanto pior este momento, pior poderão ser os sintomas! Há evidências de que nesta síndrome atuam componentes de hipersensibilidade pessoal a dor, aos movimentos intestinais, assim como a interferência de fatores dietéticos, infecciosos e até genéticos.
O diagnóstico é feito através de uma boa conversa e exame com seu médico, apresentando todos os seus sintomas, além de contar com o auxílio de exames de sangue e alguns exames de imagem, como a colonoscopia, por exemplo.
Para o tratamento, existem diversas opções de medicações, que serão escolhidas de acordo com os sintomas predominantes em cada paciente.
Porém existem regrinhas básicas para quem quer conviver melhor com o seu intestino. Vale a pena conferir:
# Não ficar com dúvidas sobre esta síndrome. Perder o medo e entender que não se trata de nenhuma doença grave, mas de um mau funcionamento do intestino. Não tem nada a ver com o câncer. Na minha opinião, este é o primeiro “remédio” da receita. É fundamental ter este esclarecimento e entendimento.
# Controle do estresse e da ansiedade. Tratamento da depressão.
# Prática regular de atividade física.
# Evitar alimentos que podem agravar os sintomas: comidas gordurosas, café, álcool, bebidas gaseificadas e adoçantes artificiais (sorbitol).
# Evitar o leite e seus derivados. A intolerância à lactose está frequentemente associada a Síndrome do Intestino Irritável.
# Aumentar o consumo de fibras (frutas, verduras, vegetais crus, pães e cereais integrais).
Enfim, não aprenda a conviver com o desconforto no intestino, com a dor na barriga, como se fossem normais. Busque um motivo, descubra o tratamento, fale com seu médico!
Cuide-se. Você merece!